O caos é o pai de todos os deuses.
Todos o adoram e veneram, porque nele nasceram e a ele regressam no findar do desejo. Por isso os deuses não são bons nem maus, mas tudo isso e um pouco mais. Os deuses são o absoluto.
O caos é o pai da poesia.
Toda a poesia nasce no caos e toda a poesia a ele regressa na volta do verso. E por isso a poesia é gentil e cruel ao mesmo tempo. E por isso a amamos.
O caos é o pai da prosa.
Nele se inventa e nele encontra a ordem. Por isso a prosa é vulgar e profana. Por isso cabe debaixo do tapete ou dentro do alguidar.
O caos é o pai da noite e por isso todos os gatos são pardos. Por isso todas as estrelas caem até não haver nenhuma.
O caos é o pai do dom e da queda.
E por isso todos os anjos perdem as asas, no findar da noite.
O caos é o regresso e o rodopio, o fechar os olhos e o esquecer.
Nada há no caos senão o tumulto e o aconchego.
Nada há no caos senão a neve.
Nada há no caos senão o manto.
(Adoro estes textos fantásticos, que a Sancie publica )
Wednesday, November 24, 2004
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6 comments:
Adoras esses textos fantásticos da Sancie que são espantosos. O que é que o caos não é, não sente?! Bjos
KAOS. TOHU WA BOHU. PROTO-MATÉRIA. INICIAÇÃO.
"O que é que o caos não é, não sente ?" ???
"Blimunda" já voaste na "passarola"? Este problema do Kaos, dos sistemas caóticos e dos fractais, tive oportunidade dos abordar no Fórum Astronomia, do Sapo.
peter, pan, eu voo, mas noutros céus. também são kaóticos. a passarola hélas voou escassos minutos. o baltasar todavia faz-me voar mais longamente...
Acredito,Blimunda.Já chegaste ao 7º céu?
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